A Igreja celebra, no dia 29 de agosto, o martírio de São João Batista – uma memória litúrgica que nos convida a refletir sobre a coragem de anunciar a verdade, mesmo diante das consequências mais duras. Considerado o último dos profetas e o precursor de Jesus, João Batista dedicou sua vida a preparar o caminho para o Senhor, proclamando um batismo de conversão e denunciando o pecado com firmeza.
Um profeta sem medo
Filho de Zacarias e Isabel, João Batista foi chamado por Deus desde o ventre de sua mãe para ser voz que clama no deserto. Vestia-se com simplicidade e, com palavras inflamadas, conclamava o povo à conversão. Seu ministério não se limitou a exortar as multidões: ele também enfrentou as autoridades quando estas contrariavam a lei divina.
Foi essa ousadia que o colocou em confronto com Herodes Antipas. João denunciou publicamente a união ilícita do governante com Herodíades, esposa de seu irmão Filipe, dizendo: “Não te é permitido viver com ela” (Mc 6,18). Tal denúncia despertou o ódio de Herodíades, que passou a buscar uma forma de silenciá-lo.
A prisão e o banquete fatal
Preso por ordem de Herodes, João permaneceu firme em sua missão, sem se retratar. A ocasião para seu martírio veio durante um banquete oferecido por Herodes. A filha de Herodíades – identificada pela tradição como Salomé – dançou diante dos convidados. Sua dança agradou de tal forma ao tetrarca, que ele, tomado pelo entusiasmo, prometeu conceder-lhe qualquer pedido.
Instigada pela mãe, a jovem pediu a cabeça de João Batista em um prato. Herodes, embora contrariado, não quis negar o pedido diante de seus convidados. Assim, João foi decapitado na prisão, e sua cabeça entregue à jovem, que a passou para a mãe.
O mártir da verdade
O martírio de João Batista não foi fruto de uma guerra ou de disputa política, mas consequência direta de sua fidelidade à verdade e à lei de Deus. Ele preferiu perder a vida a compactuar com o erro. Por isso, a Igreja o reconhece como mártir da verdade.
O Papa Francisco, em diversas ocasiões, recordou que João não fez concessões: não negociou princípios, não se deixou seduzir pelo poder, não buscou agradar para se salvar. Sua morte é um testemunho de que o compromisso com o Evangelho exige coragem, até mesmo diante da ameaça de morte.
Atualidade de seu exemplo
Em um tempo em que relativismos e conveniências parecem prevalecer, o testemunho de João Batista é um chamado à firmeza na fé. Denunciar o pecado, anunciar a verdade e viver de forma coerente com o Evangelho são exigências para todos os cristãos.
Que possamos, como João, preparar o caminho do Senhor em nossa vida e no mundo, confiantes de que “felizes são os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,10).
São João Batista, mártir da verdade, rogai por nós!
Redação: Julia Fernandes
Revisão textual: Rochelle Lassarot