A família é uma ideia de Deus. É dela que recebemos os mais ricos valores para a nossa vida. Preservar a família é guardar um tesouro que nos foi confiado por Deus. Muito se fala em Ideologia de Gênero, mas que ideologia é essa? Qual o seu perigo? Para esclarecer esse assunto, conversamos com Ronaldo de Melo e Tatiana de Melo, que são membros da Comissão Arquidiocesana de Pastoral Familiar e que atualmente fazem parte do Núcleo de Formação e Espiritualidade da Pastoral Familiar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, atuando também no Setor Juventude. Na Paróquia que frequentam, Divino Salvador, em Piedade, contribuem com o trabalho de Catequese e Família, que trabalha na evangelização dos pais das crianças alunas da Catequese. Após vários anos de aprofundamento na Teologia do Corpo, do Papa João Paulo II, iniciaram um Grupo de Estudos Arquidiocesano da Teologia do Corpo, que tem por objetivo formar lideranças que propaguem a Verdade deste tema tão importante do amor humano.
O casal estará na próxima quinta e sexta (1º e 2 de setembro) na paróquia para tratar do tema Ideologia de Gênero, às 20h.
Acompanhe a entrevista.
Pascom – Qual é a importância da família? Podemos dizer que ela é a base de tudo?
Ronaldo/Tatiana – A família é a base de tudo: do ser humano, da Igreja, de todas as outras instituições da sociedade. É da família que provêm todas as vocações: sacerdotais e religiosas, os médicos, os professores, os engenheiros, os futuros pais e mães. A partir do momento em que se enfraquece e se desestrutura a família, temos como consequência direta o esfacelamento na nossa sociedade. Basta ver em que situação estão tantas crianças abandonadas, tantos jovens envolvidos com drogas e álcool, tanta violência, tanta corrupção, tanta falta de amor. Esses fenômenos não são acontecimentos isolados; são consequência da desconstrução da estrutura familiar.
Pascom – A Bíblia diz: “Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne.” (Gn 2, 24). A família é um projeto de Deus. Comente.
R/T – Aqui podemos retomar um ensinamento basilar de São João Paulo II, da Teologia do Corpo. A família é um projeto de Deus desde o Princípio. Os fariseus questionaram Jesus sobre a carta de divórcio autorizada por Moisés, mas Ele responde aos fariseus, dizendo: “… mas no princípio não era assim” (Mt 19, 8). Além de ser um projeto claro e explícito de Deus, ao retomar as palavras do livro de Gênesis, Jesus reafirma a obra do Criador: “Não lestes que os fez homem e mulher?” (Mt, 19, 4). E ao criá-los diferentes, como homem e mulher, na sua masculinidade e feminilidade, criou-os um para o outro. Criou o homem para a mulher e a mulher para o homem. Jesus não falou que o homem deixará a sua casa para se unir a outro homem e também não falou que a mulher deixará a sua casa e se unirá a outra mulher. Mas reafirmou que o HOMEM deixará a sua casa e se unirá à sua MULHER, e esta união será tão grande que os dois se fundirão numa única carne.
Pascom – Diante das mudanças de comportamento que permeiam a sociedade como um todo, os valores cristãos estão se perdendo. O que deveria ser natural passa a ser “estranho”, e aqueles que conservam esses valores muitas vezes são rotulados de preconceituosos. Como orientar os filhos dentro dessa realidade?
R/T – “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8, 32). As palavras podem até convencer, mas os testemunhos têm o poder de arrastar, ou seja, a orientação aos filhos deve ser, primeiramente, vivida pelos pais. Não haverá efeito na educação dos filhos, se os próprios pais não colocarem em prática aquilo que ensinarem. A partir desse testemunho de vida, é possível apresentar para os filhos o plano e os desígnios de Deus para a humanidade. E é importantíssimo que os pais, como educadores, estejam atentos às mentiras que são ditas como “verdades” para seus filhos. Nossa realidade sofre do grande mal da indiferença. Os pais não podem ficar indiferentes ao que os filhos aprendem e fazem. Certos valores são eternos, imutáveis, independem de moda ou do que pensa ou faz a maioria das pessoas. Se ajudar a preservar esses valores é ser chamado de conservador, então vale sermos conservadores com muito orgulho! Manter-se firme em meio às pressões da sociedade moderna não é fácil. Requer inspiração divina. A oração em família é um bom primeiro passo para a união e o fortalecimento dos vínculos familiares. É preciso criar momentos de convivência nos lares. É fundamental que os filhos gostem mais de estar em casa do que de estar nas ruas, nos shoppings, nos bares.
Pascom – Segundo o Papa Francisco, “a ideologia de gênero é um erro da mente humana que provoca muita confusão”. Ele afirma que “a família está sendo atacada”. Fale sobre esse perigo.
R/T – A ideologia de gênero é um projeto político de reengenharia social que vem usando intensamente as mídias e os ambientes escolares e acadêmicos para efetivar essa mudança de realidade social. Segundo essa ideologia, a família seria uma opressora das “liberdades” e “direitos” das pessoas e, portanto, precisaria ser destruída. No entanto, essas ações destrutivas não são adotadas claramente, mas manipulando-se as ideias e apresentando-as escondidas por trás do verdadeiro objetivo desconstrutivista. Parte-se, portanto, da interpretação pessoal de alguns indivíduos, e a partir daí constrói-se uma realidade falsa. Como a família é o foco principal a ser destruído, criam-se teorias contrárias à moral e à ética familiar. A Ideologia de Gênero afirma que o fato de sermos homens e mulheres é uma mera construção social e que, portanto, pode ser mudada e combinada das formas mais diversas, e que pode ser modificada de acordo com a vontade de cada um. Posso decidir se quero ser homem ou mulher, ou nenhum dos dois, um ser híbrido. Minha preferência sexual também seria absolutamente “livre”. Quem se contenta em ser e viver de acordo com seu sexo biológico chega a ser até malvisto entre os “mais esclarecidos”.
E para sustentar o discurso, os ideólogos de gênero empregam termos como “direitos humanos”, “liberdade”, “por amor”, “o importante é ser feliz” etc, para que aqueles que discordem dessas ideias sejam tomados por preconceituosos, retrógrados, fundamentalistas e intolerantes. Para ilustrar o perigo da ideologia de gênero, citamos algumas ideias defendidas pela ideóloga de gênero Shulamith Firestone, que defende teorias como: “a total integração entre adultos e crianças”, que, para uma pessoa minimamente inteligente, significa pedofilia, e “liberdade sexual para que mulheres e crianças usem sua sexualidade como bem entenderem… até mesmo com a sua própria mãe”, ou seja, uma verdadeira aberração que torna difícil comentar a respeito.
Pascom – A família e a escola estão ligadas diretamente, no que diz respeito à educação e à formação do caráter de uma pessoa. Isso quer dizer que ambas devem caminhar juntas. Como fica esse relacionamento família-escola diante desse interesse em se implantar no Sistema Educacional a Ideologia de Gênero?
R/T – A primeira atitude que os pais precisam ter em relação à educação dos seus filhos é exigir da escola que lhes apresente o Plano Político Pedagógico. Nesse plano constará o que a escola pretende ensinar aos alunos em relação à educação sexual. E ao constatar uma atitude que contraria seus valores nesse aspecto, os pais têm o direito de não permitir que seus filhos participem de qualquer tipo de manipulação ou imposição de ideologias, ainda que venham sob a justificativa de “educação”. É fundamental que os pais procurem saber o que é transmitido a suas crianças na escola. Na época da infância, as crianças são altamente sugestionáveis, e se os pais não ficarem atentos, podem ser ludibriados juntamente com seus filhos. Para exemplificar, podemos citar a retirada da ideologia de gênero do Plano Nacional de Educação (PNE). No entanto, mesmo tendo sido excluída do Plano Nacional, o Ministério da Educação orientou os Estados e Municípios a observarem essas questões nos respectivos Planos Estaduais de Educação (PEE) e Planos Municipais de Educação (PME). Com isso, tem havido uma grande mobilização – que “surpreendentemente” não é noticiada pelos meios de comunicação – para que nas votações dos Planos Estaduais e Municipais de Educação não seja incluída a ideologia de gênero. Mas não é só isso. Há outro exemplo claro do objetivo político de se implantar a ideologia de gênero nas escolas públicas. O Ministério da Educação, antes da votação do Plano Nacional de Educação e desconsiderando a possibilidade de exclusão da ideologia de gênero, encomendou o livro de sociologia intitulado “Sociologia em Movimento”, que no seu capítulo 14, sob o título “Gênero e sexualidade”, faz uma aberta apologia ao fim da família natural e da lei natural. Mais detalhes podem ser obtidos no link https://padrepauloricardo.org/blog/a-prova-que-faltava-livro-recomendado-pelo-mec-ensina-genero-nas-escolas.
Pascom – Em toda essa questão (Ideologia de Gênero), a instituição família fica banalizada. Quais as consequências disso?
R/T – Toda a sociedade perde. Tirar a autoridade e a força da família na formação do caráter do indivíduo, transferindo a educação exclusivamente para a escola, é um plano político para que toda a autoridade e o poder de decisão passem para o Estado. Não sejamos ingênuos! Querem nos rotular de “intolerantes”, “preconceituosos” ou “retrógrados”, mas se não defendermos a família hoje, ela perderá aos poucos todo o seu valor. Fique atento e use seu senso crítico para avaliar que consequências, a médio e longo prazo, trarão novas leis e costumes que vêm sendo aceitos, tidos como “modernos”.
Pascom – Que tipo de mobilização pode ser feito para que os direitos da família sejam preservados?
R/T – Vale a pena começar usando nosso potencial de formadores de opinião entre nossos familiares, amigos, colegas de trabalho e faculdade, vizinhos… Nas conversas do dia-a-dia, comentando os assuntos da atualidade, esclarecendo e trazendo reflexões que quase ninguém faz. Isso requer formação da nossa parte: estudar o tema e formar argumentos pautados não só na nossa fé, mas na ciência. Fiscalizar a escola, como comentado anteriormente, é outra atitude importantíssima. Estar atentos às leis que vêm sendo propostas e votadas nessa área também é algo fácil, graças à internet. Podemos nos mobilizar e mobilizar nossa rede de contatos. Devemos cobrar posturas dos parlamentares em todos os níveis: federal, estadual e municipal. Em algumas oportunidades, há audiências públicas, ou seja, qualquer um de nós pode participar. Desde a conversa ao pé do ouvido à manifestação pública, não podemos nos omitir e precisamos defender a verdadeira dignidade do ser humano sempre!
Boa tarde abraços ao ao casal Ronaldo e Tatiana sou o Luis de Mafra estive com voces na cidade de Caçador sc em formação diocesana e gostaria de ter mais informaçoes sobre ideologia de genero quando tiverem mais novidades nos repassem para pordermos ter mais argumentos possiveis meu muito obrigado .Somos coordenadores comarcais abraços
Muito boa e importante essa matéria sobre a ideologia de gênero, vou compartilhar pra ajudar as pessoas a conhecerem o que está por trás.
Amei a matéria.
A escrita está clara e objetiva, com fácil entendimento
Com certeza vou compartilhar.
Muitas bênção📿